No dia 25 de março de 1922, Astrojildo Pereira e outros militantes do movimento operário brasileiro fundavam o Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista.
Reunidos entre os dias 25 e 27 de março de 1922, na cidade de Niterói – RJ, os noves delegados que representavam os diferentes agrupamentos comunistas presentes em diversas cidades brasileiras, elaboraram o estatuto e definiram as bases de atuação da organização que se propunha a ser o instrumento organizativo da classe operária brasileira.
Já em seu Artigo 2ª, o Estatuto do partido expunha seus objetivos fundamentais:
O Partido Communista tem por fim promover o entendimento e a acção internacional dos trabalhadores e a organização política do proletariado em partido de classe para a conquista do poder e consequente transformação política e econômica da sociedade capitalista em sociedade communista.
Estatuto do Partido Comunista do Brazil – Documento presente no acervo do Instituto Astrojildo Pereira (IAP), disponível para consulta no Centro de Documentação e Memória da Unesp (CEDEM/Unesp).

Além do militante e jornalista Astrojildo Pereira, os delegados que assinam a fundação do Partido Comunista do Brasil são o professor Cristiano Cordeiro, o gráfico João da Costa Pimenta, o sapateiro e operário da construção civil José Elias da Silva, o alfaiate Joaquim Barbosa, o vassoureiro Luís Peres, o eletricista Hermogêneo da Silva, o barbeiro Abílio de Nequete e Manoel Cendón, alfaiate espanhol. Estavam representados além de Rio de Janeiro e São Paulo, também os estados de Pernambuco, Sergipe, Porto Alegre e Minas Gerais. Com exceção de Manoel Cendón, de origem socialista, todos os demais tinham origem de militância no anarcossindicalismo brasileiro.

A efervescência do movimento operário e das lutas dos trabalhadores nas primeiras décadas do século davam os contornos do contexto internacional e nacional. As importantes greves operárias no Brasil tinham encontrado seu ápice na Greve Geral de 1917. No mesmo ano, na Rússia eclodiam as revoluções que, primeiro impuseram a derrotada do regime czarista e em seguida, marcavam a chegada dos bolcheviques ao poder.
Os impactos desta ebulição operária estão presentes nas reflexões de muitas lideranças sindicais brasileiras, em especial de Astrojildo Pereira que, desde 1917 iniciava o movimento que o afastaria do anarquismo ao passo que se aproximava do marxismo-leninismo e das conquistas históricas do proletariado com a Revolução Russa.