Durante a ditadura militar brasileira, inúmeras pessoas contrárias ao regime foram obrigadas a deixar o país. Para que não fossem mortos pela repressão, famílias inteiras seguiram para o exílio internacional – a esmagadora maioria sem dinheiro, sem casa e sem emprego. Contavam com a solidariedade da rede internacional de militância por direitos humanos. A situação no exílio não era fácil, era preciso encontrar um emprego, aprender uma nova língua, conseguir uma casa para a família, escola para os filhos e tentar, de alguma forma, superar os traumas da tortura.
A rede de solidariedade, existente em diversos países ao redor do mundo, promovia inúmeros eventos culturais para levantar recursos. Esses recursos eram usados, em grande parte, para ajudar essas famílias a se manterem no exílio. Uma das bases dessa rede de apoio ficava em Milão, na Itália.

Em um desses eventos, foi proposto uma atividade lúdica para as crianças exiladas por meio de desenhos que remetessem à lembranças que elas tinham do Brasil.
Dói na alma quando se vê que a lembrança que uma criança tem de seu país de origem é a lembrança do pai e da mãe presos, sendo torturados no pau-de-arara.
É isso que os “defensores da família”, eleitores de um candidato que prega o ódio, que defende a tortura e a volta da ditadura, querem para nossas crianças e para o nosso país?
Isso é real. Amanhã, essa dilacerante lembrança poderá ser desenhada pelos nossos filhos. E nós poderemos estar pendurados nesse pau-de-arara.